Friday, March 02, 2007

Repensei-me

Ontem eu me cortei com um estilete. Algo realmente incomum e assutador, porém tive meus motivos.
Queria entender o que era a dor, e até onde ela subverte nossos outros pensamentos, entender esse mecanismo de substituição de um pensamento pela dor. Foi um corte superficial é bem verdade, e não marcou tanto quanto eu queria a pele, mas marcou muito minha mente.
Ferida aberta e sem perspectiva de cicatrização, uma chaga jorrando água no entremeio da razão e da loucura. como explicar toda essa enxaqueca?
Dei-me um tempo de tudo e de quase todos, me silenciei e reclusei, me entreti em pensamentos e na possibilidade de mudança (?). Mas como sempre me detive nos para que. Engraçado, sempre nos ocupamos com a utilidade das coisas e não com sua importância. Nos perguntamos para que serve tal coisa, e não qual o significado e importancia de tal. Tentei me desviar e compreender o por que, qual a importancia das coisas que faço.
Gastei tempo e temerárias horas de insonia e terror, terror e terror. Se entender, querer se descobrir e conhecer é muito mais que uma masturbação mental, talvez um gozo que nunca chegue, ou que chegue e eu não sinta. Mas me descobri assutador, um reflexo macabro das coisas que eu não quis, mas que fui. Não cresci, não inteligi não criei conciencia. Oras o que aconteceu então?
Talvez tenha me vestido de alguam coisa que, ah não. Não sei. Enfim não sei, não me sei. e não venha me dizer quem sou, mentira venha. Alguém poderia por obséquio me descrever, revelar minhas faces obscuras e torturosas, meu gênio intempestivo e mal humorado, minhas palavras amargas e frias, ou nada disso, uma face clara, límpida suave, receptiva e doce, disposta a amar.
Me desconheço e me surpreendo comigo a cada nova atitude, a cada nova palavra, a cada novo texto a cada nova poesia.
Mas de tudo descobri o sangue ainda escorre nessas veias, pulsa vulnerável e carente de afabilidades, temeroso de se tornar alvo e liquefeito, perder seu rubor e pastosidade. Oh Deus, sangue é ouro e minhas veias estão poluidas.

O sangue é ouro
os rios são como veias
as veias se rompem
e os rios se poluem
há uma briga entre nós
nossas veias estão poluídas
grandes ratos habitam
capazes de matar
todo mundo tem veias iguais
a cada um cabe um rio
e a cada rio agonia

4 comments:

Anonymous said...

dor eh bom, mas akeles que são de profundos cortes. prefiro as do estilete do que as porras locas da garotas fazem comigo, ou eu faço com elas..sei lah.

akela frase do cézar:
oh shit.


E EU NÃO SOU MIMADO! soh carente... >p

Anonymous said...

Não sou a favor de cortes.
Não gosto disso, mas enfim...
sou a favor do César aí ó.
E nem vem, pq quando morarmos juntos se vc vier me cortar e vou te dá um socão. hahaha
saudades.

Anonymous said...

que isso cezar se ta doidooo
num faz isso naum minimo

Line said...

o titulo foi inspirado no livro dela, cartas para alguem bem perto :)