Friday, March 30, 2007

Sorte a azar

A futilidade das pessoas as vezes é algo interessante. e o mais prosaico é como ultimamente nós temos criado os retratos das pessoas capazes de nos relacionarmos. lógico que estou insatisfeito com o mundo, e principalmente com as pessoas. Apenas acho que poderia conseguir um algo mais.
Hoje li um blog muito interessante, apesar de jogado as traças. essas coisas de fuçar as pessoas no orkut as vezes nos trás boas coisas, de onde menos se espera. O tipo de relacionamento idealizado (não nego por mim também) as vezes é algo muito engraçado. E o mais engraçado é que ja temos destreza para olharmos as pessoas e saber direitinho o que elas estão pensando, o que dizer para puxar assunto e outras coisas. pronto daí forma-se um novo ciclo de convívio social e conhecemos ex-pinkfloydianos e atuais ramones.
Bom me conservo libertine.
Não me conservo o Cézar.


SORTE E AZAR
(John/Ricardo Koctus)

Tudo está
Fora de seu lugar
Já notei
O mundo não foi
Feito pra mim
Vivo só
Pra eu não me arrepender
De eu não ser
Do tipo que diz
Sem querer
O que está fora
De seu lugar
Que você venha pra modificar
Sorte e azar
Vão me disputar
E eu não fui
Capaz de me mover
Daqui até ali

Tuesday, March 27, 2007

Tanto a dizer.

Muitas coisas a dizer, muitas coisas sem saber como dizer.
Dizem que para toda ação há uma reação. minhas reações costumam ser as mais comuns: chorar, gritar, espernear e na maioria das vezes ficar de mau humor.
Bom não sei o que tem a ver com as coisas importantes que eu deveria dizer, porém, Michely, torço e rezo por você todos os dias.

Outras coisas a dizer. Acho que as pessoas não são nada daquilo que a gente pensa que são.
A priori, construimos uma imagem idealizada da persona com a qual queremos nos relacionar (não só afetivamente, mas cortesmente, profissionalmente e camaradamente). As vezes temos imagens de pessoas que seriam perfeitas para serem inseridas no nosso convívio social e nos dispomos a dar um braço de chance ao envolvimento, até descobrir que a pessoa não passava de um corte de cabelo, umas roupas legais e umas músicas quase bacanas no MP3. Sei lá. eu infelizmente espero mais das pessoas. Espero que não seja apenas estilo, espero que as pessoas sejam mais humanas. Espero delas risos, choros, espero que digam que não gostaram disso, gostaram daquilo. que queriam beber isso, comer aquilo, passear não sei onde e conhecer pessoas assime assado. Sair do trivial. Minha vida anda cercada pelo trivial. Conversas bobas, assuntos torpes. Miopia social. sabemos que as pessoas podem ser mais do que aquilo que elas simplesmente são, mas não exigimos delas. Eu exigo de mim. Eu tento me surpreender, tentar ser aquele plus que as pessoas esperam. Sair do convencional e infundado blasé (vocês sabem o que diabos é isso? Não é uma coisa boa, fiquem certos), e assumir uma postura citadina. Não me velar em pseudo armaduras, blindagem social. Apenas me abrir.
Espero que vocês também se abram e mostrem que existe vida além do Ipod.
Que tal conversarmos sobre o aborto? a prostituição? a maconha. Porra saiamos desse nosso tipinho enrustido.

Thursday, March 22, 2007

Tempo tempo tempo tempo.

Walter Benjamin analisa a modernidade sobre a caótica relação ciclica que incide sobre os costumes sociais - que vão desde do indivíduo blasé até os arquétipos citadinos.
Toda essa trasnfiguração decorre de um elemento chave: o tempo.
Chegamos onde queriamos: o tempo. O que é afinal o tempo? Em O tempo na casca de noz, Stephen Hawking tenta nos explicar a complexidade da temporalidade e abre espaços para discussões como dejavú e processos de aceleração do tempo. Baudrillard já tem o tempo como fenomeno da pós-modernidade. Instrumento instituido na revolução industrial, como coisas do tipo: hora de trabalho e posteriormente mais valia, que transformaram o tempo em dinheiro.
O que nenhum estudioso foi capaz de explicar é o que chamos de saudades e atribuimos empiricamente sua causa ao tempo. Digo ao tempo. Não a distância. A distância não é fator fundamental. Não no meu caso.
o tempo é maior dos senhores causadores do mal do século. e profundo subjulgador da saudade.
A verdade é que sinto tanta falta de tanta gente. Ando só. Falta um colo para eu chorar minhas coisas choráveis e faltam pessoas para eu abraçar, contar minhas coisas e suplantar minha felicidade.
Ah. é um sofrimento. saudade. como doria o poeta saudae é uma doença matadeira.

logo rezo ao tempo:

Oração ao tempo

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo

Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que eu te digo
Tempo tempo tempo tempo

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo

De modo que o meu espírito

Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo

O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo

Explicação

O post abaixo foi um trabalho de escola que eu disponibilizei para alguns amigos verem e se basearem para escrever os textos deles.
Caso você não tenha entendido não fique tenso. Não era para você entender. Mas um dia assita Janela da Alma.

Sunday, March 18, 2007

Janela da alma

O filme, ao mostrar dezenove pessoas com diferentes graus de deficiência visual: da miopia discreta à cegueira total, narrando como se vêem, como vêem os outros e como percebem o mundo, nos faz parar um pouco para pensar que é possível realmente entender o mundo à sua volta não apenas a partir dos olhos, mas sim através das diversas janelas do nosso corpo. Nos falam ainda de seus dramas, de suas vidas e de como a visão se encaixa nessas histórias, de como ela é importante na inclusão pessoal no mundo e de como acaba moldando esta visão.
– Hoje estamos vivendo de fato na Caverna de Platão. Pessoas olhando
em frente, vendo sombras, e acreditando que estão vendo a realidade...
Perdidos de nós próprios e na relação com o mundo, não seremos nada.
(Saramago)
No depoimento do escritor português, encontramos um elo de ligação entre a analise platônica e de sua dimensão epistemológica.
Se enveredarmos pelo fato de que o mundo táctil e sensível (mundo dos fenômenos) é marcado pela multiplicidade, pelo movimento e que este por sua vez tem um caráter ilusório, uma citação do filme elucidaria muito bem a intertextualidade estabelecida por Saramago: “vemos coisas demais, por isso nada vemos ou temos”, como proclama o cineasta Win Wenders, admitindo que nosso mundo encontra-se saturado de imagens prontas e acabadas diante de nossos olhos, sem precisarmos fazer nenhum esforço. Por isso, não buscamos nem criamos nada, a fim de enriquecer a nossa vida.
Uma lição importante que podemos tirar desse filme é que a visão é antes de tudo uma questão cultural, sendo influenciada mais pelo mundo que nos cerca do que por dados ou defeitos naturais. Vemos o que nos é imposto, nos é dado (talvez remetendo mais uma vez a alegoria da caverna). Desse modo passamos a ter aquilo como verdade absoluta (amathía) e a partir daí nada mais nos incomoda, fato bastante preocupante, pois certamente não nos levará à descoberta do conhecimento. Mas num contraponto a esta questão temos o relato do músico Hermeto Paschoal o qual afirma que “o mundo está cheio de coisas horríveis para ver” o que o faz desejoso de estar cego temporariamente, porque o sentido atrapalha “a visão certa”, fazendo-nos parar e refletir sobre o significado de ver ou não ver no mundo contemporâneo, repleto de imagens de todos os tipos.
Talvez mais uma vez expliquemos essa controvérsia com mais uma citação de Saramago: “A realidade não existe, cada experiência de olhar é um limite”, um fino limite de toda essa capciosa teia de informação que por vezes nos leva a optar pelo sensível à idéia do mundo inteligível. Nossa visão alimenta-se de experimentações, e experimentações essas muito curiosas por parte dos entrevistados, uma vez que as limitações visuais acabaram por criar um tipo de visão que muito se aproximaria da idéia jungiana de percepção imaginária da realidade. Porém o uso da palavra realidade soa um pouco controverso, uma vez que a explicação do universalismo da razão não nos permitiria imaginar realidades individuais, mesmo entendendo as limitações de outrem. Não há a possibilidade da dualidade de visão. Daí recaímos na velha armadilha platônica que discorre acerca da dificuldade de separar aparência de realidade, a imagem do seu original. Mas será que tomamos o devido cuidado com a natureza desta dificuldade?
– Descobri com óculos que as árvores eram múltiplas e cheias de folhas e
não uma massa.
(Antonio Cícero)
Não seria paradoxal imaginar que houve a possibilidade da dicotomia de imagens representando o mesmo objeto? Se estamos tão certos de que a visão se origina nas coisas como explicar as duas árvores vistas por Antônio. Ainda que Platão defenda que a idéia de algo deve ser uma, imutável e verdadeira, esta mesma imagem pode, ao sair de sua concepção original assumir uma concepção artística. Eis talvez o por que da frase do cineasta Walter Lima Jr.: “Comecei a sentir problema de visão no cinema, não na realidade.”
Um ponto que me chamou bastante atenção ao longo do documentário foi o depoimento de Win Wenders, que com sua visão particular a respeito do olhar, aborda a relação entre a seleção de imagens e seu enquadramento pela retina, enquadramento este que é dado pelo que nos é imposto e pelos nossos limites ao nos depararmos com a imensidão das coisas que o mundo nos oferece. Wenders relata ainda que ao experimentar pela primeira vez lentes de contato, sentiu-se desconfortável, pois percebeu que precisava do enquadramento proporcionado pela armação dos óculos. Desse modo, Wenders, estaria nos sugerindo que não existe imagem sem a necessidade de formatação, podendo ser adquirida a partir da re-invenção desse enquadramento, que alcançamos ao fazer uso das diversas janelas que possuímos, ou seja, através do nosso corpo, dos nossos sentidos.
Outro ponto alto do filme foi um recorte urbano feito com o vereador belo horizontino Arnaldo Godoy, que impressionou muito pela exatidão de seu posicionamento geográfico, e percepção dos espaços sendo absolutamente cego. Sua conversão do olhar perturba nossa geografia ingênua e nossa percepção marcada por traços comuns. Ver é recriar sensações a partir de vivências possíveis, estimular em si uma individualidade aberta à identificação alheia (teoria da reminiscência), ou seja, conhecer é lembrar..
– Sei o caminho porque faço o mapa na cabeça, me ligo em outros
referenciais, tenho desenhos na idéia. Eu sonho com imagens.
(Arnaldo Godoy)
Talvez esse fato marcante possa explicar o conceito de Paidéia, que carrega consigo o pressuposto de que não há aumento de bagagem de conhecimento, mas sim o saber-se orientar diferentemente no pensamento.
A emoção compõe com o olho da razão um acorde peculiar, de timbre inaudível. É possível ser cego e sonhar com imagens. Fotografar, enxergar, compor. Amar. Filmar. Olhar através de uma recém-ou-já-construída janela da alma. E outra. Mais outra. Outra. Que aponta para o que eu não vi, para o que eu não sei. Abri-la até o infinito. Até o presente. Captar a alma.
– O olhar na janela é outro olho na janela e outro olho na janela até o
infinito talvez nunca seja na verdade a própria alma...
(Antonio Cícero)
Enfim, ao fim dessa análise descobri que o compromisso deste filme é de fato com o tema: “aquilo que está para além do visível; o que vê alguém ainda quando não pode enxergar”.

Friday, March 09, 2007

Bush

John Stein
O Sr Pedro esta certo...enquanto falam do Sr Presidente dos Eua, vcs deveriam ficar focados em outros problemas mais importantes de seus interesses... Não entendo o amigo que escreveu para eu voltar para os Eua, que eu sou Mal educado, mal educado são vcs, Armam um dossie contra o partido do seu presidente e ainda o elegem, o Sr Maluf foi condenado por desvio de 2,5 bilhoes de dolares em Nova York, não no Brasil, mas vcs não entendem isso, lá as coisas funcionam, aqui é só carnaval e cerveja.


Extraido do fórum da IG sobre Bush.


Juro que tinha um texto de crítica a visita do Sr. do Mundo. Nada mais a dizer, nem preciso comentar nada. Foi um belo fique mais em silêncio seus brasileiros de merda.
Esqueçamos um pouco o Bush e lembremos mais de nossos problemas cotidianos.

Wednesday, March 07, 2007

Eu tinha uma linha

Eu tinha um texto pronto, explicações a dar, coisas a dizer, pensamentos para por em discussão.
tinha palavras amigas, consolo, refúgio nas letras. Tinha alguma coisa a dizer, uma mente inspirada.
Entretanto optei por não escrever. Não, palavras e explicações são muito teporais e se danificam com a leitura, com o gênio com o estado de espírito. Talvez se eu dissesse o que eu queria alguém não entenderia, alguém entenderia errado, alguém faria de minhas palavras refúgio e de meus desconcertos alguma identificação.
Não quero isso, não quer ser aberto a interpretações e feito espelho de minha mente alguém em algum momento me ter como norteador, não é isso e não é para isso que escrevo.
Nem sei por que eu escrevo, sei as vezes para quem escrevo, mas nunca com um por que definido. Não não é assim. Adendo a isso talvez coisas que eu diga também sejam assim. Não são para entender é para se ouvir e só.

Agradeço muito a vocês, sóbrios e valentes companheiros de jornada, amigos na maioria das vezes, mesmo quando encontram-se distantes, ausentes. Agradeço pelos ensinamentos pelas palavras amigas, pelos xingamentos, pela repulsa e pelo afeto. agradeço as horas de msn, as páginas do orkut, as pingas baratas, as cervejas, as musicas ruins, as musicas boas, as aulas de qualquer coisa, aos bancos da praça, as confissões não tão confessas e as discussões dadaisticas.
Minhas carencias, minhas tristezas minhas alegrias, minhas indecisões e meus amores cheios de desamores. Tudo está entre nós e para nós.

Não era isso que eu tinha que escrever, nem a quem dedicar, nem nada, nem tudo, mas foi isso.
ah saudades dos meus amigos, saudade de vocês.
E ela me faz tão bem, e ela me faz tão bem...

Friday, March 02, 2007

Repensei-me

Ontem eu me cortei com um estilete. Algo realmente incomum e assutador, porém tive meus motivos.
Queria entender o que era a dor, e até onde ela subverte nossos outros pensamentos, entender esse mecanismo de substituição de um pensamento pela dor. Foi um corte superficial é bem verdade, e não marcou tanto quanto eu queria a pele, mas marcou muito minha mente.
Ferida aberta e sem perspectiva de cicatrização, uma chaga jorrando água no entremeio da razão e da loucura. como explicar toda essa enxaqueca?
Dei-me um tempo de tudo e de quase todos, me silenciei e reclusei, me entreti em pensamentos e na possibilidade de mudança (?). Mas como sempre me detive nos para que. Engraçado, sempre nos ocupamos com a utilidade das coisas e não com sua importância. Nos perguntamos para que serve tal coisa, e não qual o significado e importancia de tal. Tentei me desviar e compreender o por que, qual a importancia das coisas que faço.
Gastei tempo e temerárias horas de insonia e terror, terror e terror. Se entender, querer se descobrir e conhecer é muito mais que uma masturbação mental, talvez um gozo que nunca chegue, ou que chegue e eu não sinta. Mas me descobri assutador, um reflexo macabro das coisas que eu não quis, mas que fui. Não cresci, não inteligi não criei conciencia. Oras o que aconteceu então?
Talvez tenha me vestido de alguam coisa que, ah não. Não sei. Enfim não sei, não me sei. e não venha me dizer quem sou, mentira venha. Alguém poderia por obséquio me descrever, revelar minhas faces obscuras e torturosas, meu gênio intempestivo e mal humorado, minhas palavras amargas e frias, ou nada disso, uma face clara, límpida suave, receptiva e doce, disposta a amar.
Me desconheço e me surpreendo comigo a cada nova atitude, a cada nova palavra, a cada novo texto a cada nova poesia.
Mas de tudo descobri o sangue ainda escorre nessas veias, pulsa vulnerável e carente de afabilidades, temeroso de se tornar alvo e liquefeito, perder seu rubor e pastosidade. Oh Deus, sangue é ouro e minhas veias estão poluidas.

O sangue é ouro
os rios são como veias
as veias se rompem
e os rios se poluem
há uma briga entre nós
nossas veias estão poluídas
grandes ratos habitam
capazes de matar
todo mundo tem veias iguais
a cada um cabe um rio
e a cada rio agonia