Thursday, May 03, 2007

projeto para escola - parte 2

o realese está pronto!

Realese –

"Mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando".(Guimarães Rosa)


Sempre gostei do universo infantil. As possibilidades incontáveis das transmutações lixo-luxo que sobrevoam a consciência dócil e sensitiva das crianças me deixam fascinado.

Questões como bem e mal, o amor e a coragem são facilmente sintetizados em sorrisos, brincadeiras, vivências, espirituosidade e virtuosismo de dar inveja a qualquer um que se proponha a contar histórias. Ah as histórias. Acredito que no emaranhado das histórias multifacetadas e fantásticas do universo de Guimarães Rosa que encontramos as descrições mais tênues e sinceras, que mais se assemelham ao universo inventivo infantil.

Enquanto criança sempre tive uma ligação muito forte com animais, principalmente com aqueles que raramente víamos, e também aqueles que só nós conseguíamos ver. Criar enquanto criança é sempre mais fácil: ouvir histórias e conseguir abstrair delas sentidos inocentes e tão sensatos e recriar em um universo plural e solitário toda a amplitude das histórias de cobras que sorriam, tamanduás que abraçavam e cachorros que adotavam filhotes de lobo é parte intrínseca do imaginário de qualquer criança.

Acho que aí se firma um tratado silencioso entre as veredas de Guimarães e a iconografia do imaginário infantil. Questões como o bem e o mal, Deus e o diabo, o medo e a coragem, o amor indecifrável nos põe a frente da natureza dos bichos e a natureza humana.

Hoje não sei mais se Guimarães se manteve uma eterna criança ou se as crianças são tão adultas a ponto de compreender a grandeza das histórias. Não importa, como o próprio Guimarães diz, o sertão é um só e por não ter portas e janelas está em todo lugar.

Lançar mão de todos esses recursos iconográficos que permeiam os peculiares universos foi a sacada pra ligar e representar a inocência e a luta, a criatividade e as transmutações. Buscar inspiração nas bolas de gude, na poesia da roça, nas brincadeiras que há muito foram perdidas no tempo. Transmutar rolos de papel higiênico em sertanejos, grandes espantalhos estilizados. Brincar com formas, cores e possibilidades, enveredar-se e se deixar levar pela leveza, simplicidade e senso de reaproveitamento que envolveu os brinquedos e a infância. Cada forma, cada traço, cada linha cor tudo tem uma história, um porque um registro atemporal da síntese imagética infantil. Bem vindo ao universo roseano, bem vindo a grande fábula infantil. No sertão tudo é possível.

1 comment:

Ta said...

vc vai ganhar esse concurso de barraquinhas.
arrasa meu rapaz.